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Sobre o filme “Dias perfeitos” , de Wim Wenders

  • Foto do escritor: Joana Buschini
    Joana Buschini
  • 15 de dez. de 2024
  • 1 min de leitura



Komorebi (木漏れ日) refere-se aos raios solares que passam entre os ramos e as folhagens das árvores. É um conceito que aparece no final do filme “Dias Perfeitos”, dirigido por Wim Wenders. A rotina sistemática do personagem Hirayama nos envolve durante a trama do filme, na medida em que pequenos elementos vão sendo introduzidos naquela paisagem introspectiva construída por ele. O apreço analógico pelos livros, pela música e pela fotografia compõem um cenário que se desdobra pela atenção ao ínfimo e pela beleza singular do instante. 

Todos os dias, ao sair de casa, Hirayama olha para o céu. A presença do ator ao realizar cada umas das pequenas e ordinárias tarefas de seu dia produz em nós essa mesma presença, um espaço interior que se abre para abrigar uma respiração mais ampla, um olhar mais atento. Em entrevista, o diretor revela que o filme é um esforço de pacificação.

Os dias de Hirayama são perfeitos em sua imperfeição pois se recusam a pactuar com os ideais modernos. Hirayama não é feliz a qualquer custo, mas parece entender a felicidade como um acontecimento como outros. A tarefa complexa de sentir, diante da dor, da alegria, do contentamento, da frustração, mistura-se nesse caldeirão ambivalente de que somos feitos, mas que nós ultrapassamos na medida em que somos capazes de experimentar todas essas coisas e seguir. Seguir percebendo as luzes e as sombras pelas árvores e por tudo que passa e ultrapassa nossa existência.



 
 
 

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